Desde seu lançamento na Europa, o Peugeot 208 sempre me despertou curiosidade. Ainda mais acompanhando o sucesso de vendas do compacto no exigente mercado europeu, onde ele se reveza no pódio com o arqui-rival Ford Fiesta. Diante disso, fiquei na dúvida se Peugeot 208 nacional teria gabarito para repetir o mesmo sucesso aqui no Brasil.
Eu já havia dirigido a versão 1.6 16V com câmbio automático, mas a maior curiosidade era sobre este 1.5. Primeiro porque meus colegas já haviam dito que o motor tinha casado muito bem com o primo Citroën C3, depois porque é o motor que equipa as versões mais acessíveis – e as que vendem mais.
Mesmo sabendo da boa reputação do carro, dirigir o 208 1.5 pela primeira vez causou uma boa surpresa. Vou reafirmar que a combinação da direção elétrica com o pequeno volante torna o carro bem mais interessante de dirigir. A novidade, desta vez, é que rodamos com gasolina. O consumo urbano sem ar-condicionado oscilou entre 9,5 e 10,5 km/l. Mas em situações de trajetos curtos (menos de 5 km) e congestionamentos a média pode cair abaixo dos 8 km/l.
Além do conforto na cidade, o comportamento na estrada também causou ótima impressão: firme, estável e confortável. Estamos falando de um compacto, mas o comportamento é praticamente de carro médio, sem oscilação da carroceria nas curvas, mesmo quando provocado. Outra coisa que chamou a atenção é o baixo nível de ruído interno, seja na cidade ou na estrada, mesmo a 120 km/h. Tenho um hatch médio e afirmo sem medo que o 208 é mais silencioso em todas as situações. O peso e a precisão da direção são outros destaques. No começo achei a alavanca do câmbio com curso um pouco longo, mas acostumei rápido. Apesar disso, os engates são suaves.
Mas, e o motor? Muita gente vai pensar: “motor 8V num segmento onde os 16V estão ditando a regra”? Este é um caso de exceção à regra. Em uma curta viagem de São Paulo a São José dos Campos pude comprovar isto. O propulsor tem funcionamento extremamente suave e silencioso, mesmo em altas rotações. Sobe fácil de giro e ainda apresenta consumo adequado (nesse trajeto a média de consumo com gasolina foi de 15,9 km/l com ar-condicionado na ida e 14,7 km/l na volta). Aliás, apesar da menor potência, esse 1.5 tem torque suficiente em baixa rotação, sendo até mais gostoso de acelerar que o 1.6 16V, que é um pouco mais ruidoso e áspero. Na cidade ele está na medida certa, cumpre o que se espera de um motor 1.5.
Por dentro, o 208 tem aquele jeito de carro moderno, o que o deixa um pouco à frente dos rivais. Entre os compactos, achei o melhor até o momento. Para aproveitar melhor a boa ergonomia, uma opção é deixar o banco um pouco elevado e o volante ajustado numa posição mais baixa. Assim fica mais fácil visualizar o painel de instrumentos. Além de alguns porta-objetos em pontos estratégicos, o Peugeotzinho também possui um enorme porta-luvas.
Outro grande diferencial do 208 é a ótima central multimídia, que agrega GPS e sistema de áudio, além das informações do computador de bordo como autonomia, consumo médio e instantâneo, velocidade média, entre outros. Ela possui entrada USB, e a tela colorida é bem intuitiva. No começo parece um pouco confuso pela quantidade de funções, mas logo entende-se a lógica do sistema e a vida a bordo fica melhor. E falando na central multimídia, uma curiosidade: se o carro ficar muito tempo exposto a altas temperaturas (em São Paulo estava 30°), a central multimídia dá uma mensagem de alerta e limita o volume no 15, para evitar o sobreaquecimento. Com os vidros fechados e o ar-condicionado ligado, o problema cessou em menos de cinco minutos.
Destaque negativo nesta versão é não ter vidro elétrico traseiro, nem forrações em tecido nas portas. Por outro lado, tudo é bem encaixado e demonstra qualidade. Fora isso, ele não apresenta ruídos internos e nem aqueles “grilos” chatos, mesmo quando se trafega por pisos irregulares.
Em resumo, o 208 foi um bom companheiro nestes 400 quilômetros rodados, e certamente se coloca como uma das melhores opções entre os compactos. Seu principal rival, o Ford Fiesta tem um conjunto mecânico ainda melhor, mas peca na qualidade de acabamento e por não possuir uma central multimídia com GPS.
Texto e fotos Julio Cesar
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